Uma das coisas que tenho refletido ultimamente como mulher, é sobre o juízo de valor que a nossa sociedade contemporânea tem reagido diante de tantas mudanças, avanços e conquistas no universo feminino. Entretanto, é todo mundo que concorda com nossos posicionamentos, atitudes e falas? É todo mundo que conseguiu se adaptar ao nosso novo modo de viver, sem nos rotular, julgar ou simplesmente ignorar nossa participação nos diversos espaços, principalmente no atual mercado de trabalho?
Mas não quero apenas falar desses enfrentamentos que temos passado nos últimos anos com homens e mulheres (sim, outras mulheres também), que por algum motivo, a vida e suas escolhas não as levaram para o lugar onde queriam estar. Quando menciono espaços, é de um modo em geral: mercado de trabalho, relacionamentos, família, política e também no próprio espaço feminino. Infelizmente, algumas mulheres enxergam outras como rivais e não como parceiras de projetos de vida e ideologias em comum.
Algumas pessoas são muito dúbias, e a gente não consegue ter acesso ao que elas pensam de fato, pois justamente sobre seu juízo de valor, o modo em que pensamos e agimos, nos distanciam das mesmas. É um peso e duas medidas. Vai sempre depender dos seus parâmetros do certo ou errado, ou de suas crenças e interesses pessoais.
A grande questão é: Para quais mulheres a sociedade está falando? O grupo que comunga dos mesmos ideais no âmbito social, político e humano, compreendem nosso posicionamento, não nos julgam e nos apontam o dedo como "aquelas feministas", não nos excluindo e não nos tornando "invisíveis" como se não existíssemos e a nossa participação social fosse totalmente desnecessária e sem valor.
Muitos falam em inclusão social, como se isso fosse apenas restrito para um determinado grupo que tem tido seus direitos garantidos através de leis por conta de suas diferenças e peculiaridades. E os diferentes de pensamentos, consciência e discursos? Como fica nossa voz diante de um mundo tão machista, rotulador e excludente? O diferente tem muitos significados.
O que é ser uma pessoa, no caso uma mulher "aceitável", que merece ser acolhida e compreendida? A "boazinha", que desde criança foi ensinada a dizer sempre sim, que não podia questionar, expressar suas opiniões, suas vontades e desejos? Como será que anda a mente e saúde emocional dessas meninas, agora na fase adulta? Talvez as reprimidas, que tem medo de falar em público, de compartilhar sua opinião em casa ou no trabalho, no grupo de amigas e até mesmo no círculo familiar. Essas mulheres por terem sido caladas, serem ensinadas que não poderiam sonhar, são adultas frustradas com a própria realidade e se lamentam por não conseguirem ousar e pensar "fora da caixinha".
Desse modo, as diversas linguagens e formas de comunicação entre os muitos segmentos da sociedade, dentro e fora do nosso país, levando em conta os diferentes padrões culturais, sempre levam a mulher para um lugar de submissão e inferioridade, e quando falamos em igualdade de direitos, somos mal interpretadas por nos acharem radicais. Não é 8 e nem 80. É o caminho do meio. Particularmente, não desejo afrontar nem gregos e nem troianos, só conquistar meus espaços de direito de forma digna, recebendo reciprocidade e respeito de ambas as partes, pela minha trajetória de vida e valores.
São reflexões cotidianas diante do que eu vejo, sinto e vivencio. Acredito que muitas mulheres vão concordar comigo e tantas outras vão discordar. E isso é ótimo! É na diversidade que nos completamos, aprendemos a conviver em sociedade, errando e acertando, caindo e levantando. Somos seres humanos. Até as máquinas erram, dão defeito e às vezes nos desapontam. A expectativa da perfeição é individual!
Um grande abraço e obrigada por ter lido o artigo até aqui.
Andréa Pessanha
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