Saúde Mental da Mulher Contemporânea
1 a cada 5 mulheres apresenta transtorno mentais comuns e a taxa de depressão, é em média, o dobro da taxa de homens com o mesmo sofrimento, podendo ser ainda mais persistente nas mulheres
Iniciamos o primeiro mês do ano de 2023, e com ele uma das campanhas mais importantes para todos, principalmente para nós mulheres por vários motivos: por conta da nossa correria diária, de acharmos que temos que dar conta de milhares de coisas diariamente, muitas vezes também por nossa própria culpa, de não sabermos dizer não em determinados momentos, e de não aprender delegar funções, para não perder o "controle" das coisas. Chamamos da síndrome da mulher maravilha, que faz tudo para todos, a tempo e a hora.
E o tema deste ano é bem sugestivo: A vida pede equilíbrio, ou seja, é um alerta para todas as pessoas que vivem intensamente, sem priorizar sua saúde mental, colocando sempre o trabalho, família, amigos, sempre na frente; entretanto se esquecem que se não estiverem bem emocionalmente, não terão condições de trabalhar e muito menos cuidar dos seus entes queridos. Priorize o autoamor e desperte o amor-próprio. Não é egoísmo, é autocuidado. Afinal de contas, quem cuida de quem cuida?
Para quem desconhece, o Janeiro Branco é um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. É, também, o nome do Instituto que coordena esse movimento. O seu objetivo é chamar a atenção dos indivíduos, das instituições, das sociedades e das autoridades para as necessidades relacionadas à Saúde Mental dos seres humanos. Uma humanidade mais saudável pressupõe respeito à condição psicológica de todos!
O sofrimento psíquico varia de pessoa para pessoa, pois os impactos são diferentes de acordo com o grupo pela qual elas fazem parte. E com a pandemia da covid-19, as desigualdades sociais foram agravadas e a saúde mental das mulheres foi especialmente afetada por inúmeros fatores.
Entretanto, promover a cultura de promoção e prevenção em saúde mental, parece ser o melhor caminho para minimizar e/ou evitar tantos sofrimentos que as mulheres brasileiras tem passado, na maioria calada, tornando-as mais vulneráveis em nossa sociedade, que infelizmente ainda é bastante machista, excludente e sem empatia pela dor alheia.
De acordo com o Instituto Cactus, na impossibilidade de atacar todos os problemas de uma única vez de forma efetiva e consistente, elegeram adolescentes e mulheres como públicos prioritários para focar em suas ações.
Segundo o Instituto, existem questões que precisam ser priorizadas na compreensão e abordagem da saúde mental das mulheres. E para ilustrar esse argumento elencaram 8 dados sobre a saúde mental das mulheres, disponíveis no levantamento "Caminhos em Saúde Mental", lançado em 2021, em parceria com o Instituto Veredas.
1) Prevalência em condições de saúde mental: segundo dados, uma em cada cinco mulheres apresenta Transtornos Mentais Comuns (TMC) e a taxa de depressão é, em média, mais do que o dobro da taxa de homens com o mesmo sofrimento, podendo ainda ser mais persistente nas mulheres. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, o gênero implica diferentes suscetibilidades e exposições a riscos específicos para a saúde mental, por conta de diferentes processos biológicos e relações sociais.
2) Sobrecarga e trabalho: apontada como um dos principais fatores que deixam as mulheres especialmente vulneráveis aos sofrimentos psicológicos, a sobrecarga física e mental de trabalho é um enorme desafio. Em mulheres com alta sobrecarga doméstica, o número de mulheres com TMC vai de 1 a cada 5 mulheres para 1 a cada 2 mulheres.
3) As diferenças começam ao “nascer mulher” e os impactos se arrastam por toda a vida: é durante o período da adolescência que as normas de gênero são consolidadas e com isso se intensifica a discriminação de gênero. Normas de gênero podem limitar a capacidade das meninas de viajar ou frequentar a escola, os lugares em que podem ir ou o tipo de interações sociais que podem ter, além de limitar as expectativas do que podem ter, a forma de tratamento, as possibilidades, poder e recursos.
4) Suícidio e automultilação: os dados anteriores impactam também os dados sobre tentativas de suicídio – mulheres são duas vezes mais propensas. 65 mil pessoas morrem por suicídio por ano nas Américas, com taxa acima de 7 pessoas para cada 100 mil habitantes. No Brasil, estudos recentes apontam que as maiores taxas de crescimento de suicídios estão entre mulheres e nas regiões nordeste e norte, além de haver importante ocorrência entre indígenas. Em sociedades em que o acesso à educação sexual, a contracepção e o aborto seguro são limitados, as meninas que engravidam fora do casamento podem acreditar que autoagressão ou suicídio são suas únicas alternativas.
5) Racismo: a discriminação racial afeta a saúde mental de pessoas negras e, quando pensamos em mulheres negras, soma-se a discriminação de gênero e temos um contexto de dupla opressão. Como consequência, elas podem internalizar as características negativas que lhes são atribuídas, prejudicando a autoestima, e o sentimento de inferioridade gerado pode prejudicar as relações sociais, favorecendo o isolamento, o que muitas vezes é confundido com timidez ou agressividade. Também podem desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, os quais podem se desdobrar no suicídio.
6) Violências contra mulheres: a saúde mental das mulheres também pode ser impactada por serem vítimas de violência psicológica, física, sexual e institucional, resultado de uma gama de práticas sociais e culturais machistas. Mulheres que foram expostas a violências na infância parecem apresentar maior risco para revitimização na vida adulta, não raro apresentando episódios depressivos, de ansiedade, estresse ou relações prejudiciais com a alimentação e drogas. Mulheres vitimadas por parceiros íntimos podem reproduzir comportamentos violentos e, potencialmente, sofrem posterior exclusão social, assim como julgamentos baseados no gênero, o que dificulta o acesso ao acolhimento em saúde.
7) Estigmas e medicalização: A falta de compreensão e a fragmentação nos serviços de saúde é um desafio importante nos cuidados em saúde mental das mulheres. Os profissionais admitem que nos atendimentos, no geral, as mulheres se calam sobre a violência de gênero, ao mesmo tempo em que intensificam a procura por serviços de saúde, sendo estereotipadas como “poliqueixosas”. Arquétipo que, além de prejudicar as estratégias de tratamento, é também uma forma de violência institucional contra mulheres, que muitas vezes enfrentam o estigma no próprio processo de tratamento.
8) Em crises, elas também são mais impactadas: A crise provocada pela pandemia de Covid-19 agravou muito esse cenário. Com a perda da renda e o aumento da desigualdade de renda e de acesso a serviços, os efeitos da crise socioeconômica na saúde mental são ainda piores para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Com o isolamento social, a disparidade de gênero, a violência doméstica e a sobrecarga das mulheres aumentaram, ao mesmo tempo em que as redes de suporte diminuíram.
Dessa forma, ao menor sinal de que você não está se sentindo bem, tanto mentalmente quanto emocionalmente, procure ajude nos diversos espaços de saúde mental de sua cidade, públicos ou privados, para que seja tratada por um especialista da melhor forma possível. Não se isole ou esconda a sua dor. Compartilhe-a com pessoas amigas, do trabalho ou familiares que sejam confiáveis, que vão lhe estender a mão para te ajudar no seu processo de tratamento; e posteriormente buscar resolver o fator, a causa que desencadeou esse problema de saúde mental/emocional.
Não se acostume com a dor, não deixe que ela lhe consuma. A vida é cheia de oportunidades diárias para sermos felizes, de vivermos em paz, com mais tranquilidade e serenidade. Tenha fé! Saiba que Deus está sempre contigo, nunca te abandonou e tudo que você está passando neste momento, é apenas um degrau para um novo caminho a seguir e uma nova chance de mudar de vida.
Beijos de Luz!
Andréa Pessanha
Coach de Mulheres, Palestrante Motivacional e Terapeuta Holística
Fonte de Pesquisa: Instituto Cactus